Maior desafio da contabilidade brasileira é a preparação técnica dos profissionais

* Por Domingos Orestes Chiomento

A polêmica a respeito do resultado do último Exame de Suficiência do Sistema CFC/CRCs, realizado em março de 2011, trouxe uma importante questão a respeito da qualidade do ensino contábil no Brasil. O resultado foi alarmante: somente 30% dos bacharéis em Ciências Contábeis e 24% dos técnicos em Contabilidade, em todo o País, conseguiram a aprovação. O alto índice de reprovação é extremamente preocupante e surpreendeu todas as lideranças, afinal era esperado que, no mínimo, 50% dos candidatos conseguissem a aprovação.  

O fato serviu como um alerta e constatou o despreparo dos profissionais para atender às exigências do mercado. A má qualidade da educação básica, a má formação do ensino superior, assim como a abertura indiscriminada de faculdades de Ciências Contábeis e cursos técnicos de Contabilidade são fatores que contribuem diretamente para o mau desempenho dos inscritos. Se pegarmos o corpo docente das melhores universidades do País, por exemplo, e colocarmos para lecionar para muitos alunos, os resultados não serão melhores. A maioria não tem boa formação no ensino fundamental e médio, logo não terá bons hábitos de matemática, leitura e interpretação de texto e, consequentemente, não conseguirá passar no Exame. 

Diante deste cenário, é imprescindível que cursos técnicos e de bacharelado comecem, o quanto antes, a investir mais em bibliografia e capacitação atualizada. As instituições acadêmicas  devem adequar o ensino da disciplina, se for preciso fazendo alterações na grade curricular, mesmo porque a dinâmica dos negócios é tremenda e os profissionais precisam estar aptos para acompanhar as exigências da nova economia mundial. 

O próximo Exame de Suficiência ocorrerá no dia 25 de setembro, em todo o Brasil. Esperamos resultados melhores nessa avaliação, uma vez que nossa meta é projetar no mercado profissionais devidamente preparados. A avaliação traz várias vantagens para a profissão, empresas e sociedade, de uma forma geral, principalmente neste momento em que estamos em busca da harmonização dos padrões contábeis às Normas Internacionais. O Exame existe para proteger os contabilistas e os cidadãos, de uma maneira geral, que não podem ser prejudicados por um profissional sem qualificação. Se um candidato não consegue sequer acertar 50% das questões de uma avaliação com questões já vistas anteriormente, ele pode fazer um cidadão perder seus direitos. Mesmo que haja uma seleção natural no mercado de trabalho, um mau contabilista pode causar inúmeros prejuízos às empresas e à sociedade. 

O Exame é uma conquista histórica para toda a classe por ser uma importante ferramenta de seleção profissional, uma vez que só é aprovado quem demonstra plena experiência e conhecimentos na área. O Exame de Suficiência veio contribuir ainda mais com o futuro da Contabilidade, profissão altamente promissora para o Brasil e para o mundo.

* Domingos Orestes Chiomento é presidente do CRC SP (Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo), gestão 2010-2011.
Fonte:  crcsp  

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