Contabilidade do Terceiro Setor: um mercado amplo e diversificado

São diversas as possibilidades de especialização para quem investe na carreira contábil. Atualmente, uma das áreas que merece destaque é a Contabilidade voltada para o Terceiro Setor.

Em primeiro lugar, é necessário entender o que caracteriza uma entidade desse segmento. No Brasil, o Primeiro Setor é o governo, que detém a primazia de serviços públicos, mantendo a harmonia e a equidade da sociedade. O Segundo Setor é formado pelas empresas privadas, caracterizadas pelo desenvolvimento econômico-financeiro e pela remuneração do capital. O Terceiro Setor reúne organizações sem fins lucrativos, denominadas não-governamentais, que, de forma privada, desempenham serviços públicos e complementam as ações do governo, gerando benefícios sociais e ambientais.

Justamente por se tratar de entidades sem fins lucrativos, o Contabilista tem papel fundamental nessas instituições. Muitas organizações do Terceiro Setor encontram dificuldade em conseguir recursos por não demonstrarem transparência em suas atividades. Para preencher esta lacuna, o profissional de Contabilidade deve atuar com competência técnica e propor soluções.

Segundo o conselheiro do CRC SP, Marcelo Roberto Monello, as regras do Terceiro Setor são muito complexas. “Nesse setor, temos de encarar todas as empresas com alto grau de profissionalização já que as normas são idênticas para pequenas, médias e grandes. Outro aspecto a ser observado como essência do Terceiro Setor é a questão ética. A falta de ética nos negócios e na vida profissional propicia a exclusão social. Não se pode admitir, nesse ambiente de sustentabilidade social, situação oposta à inclusão”.

Para essas entidades, ser idônea não basta. Elas têm de deixar clara essa idoneidade, sendo transparentes e prestando contas ao público interno e externo. “O ideal é espelhar, nas demonstrações contábeis da empresa, todas as informações detalhadas, formas de gestão, relação público/privada, desde a apresentação das origens até a aplicação efetiva dos recursos arrecadados”, diz Monello. “O profissional contábil precisa estar bem inteirado sobre a organização, pois a divergência de informações conduz à má interpretação e pode causar prejuízos como perda de isenções, parcerias, confiabilidade e credibilidade”, ressalta.

Monello destaca que, no Terceiro Setor, trabalha-se com o dinheiro público, privado e com o investimento do trabalho voluntário. São situações que envolvem a confiança das pessoas e a credibilidade e ética das empresas sociais. “Dessa forma os cidadãos se sentirão seguros em contribuir”, avalia.

Mercado de trabalho – O profissional que deseja atuar no Terceiro Setor deve ter muito conhecimento sobre a área. “Ele precisa entender e se aprofundar nos objetivos e projetos da entidade. É indispensável também conhecer todos os relacionamentos da instituição, além da Legislação Contábil, da Constituição Federal, das Instruções Normativas e das regulamentações menores”, afirma Monello.

Na opinião do conselheiro do CRC SP, esta é uma área que necessita de profissionais capacitados. “A Contabilidade é uma Ciência Social. No Terceiro Setor predomina muito esse aspecto e sua influência na sociedade. Faltam Contabilistas especializados em Terceiro Setor no mercado. O município de São Paulo reúne grande número de entidades mantenedoras, por isso, existe mercado de trabalho para várias áreas: Contabilidade Interna, Auditoria, Controladoria, Assessoria a Conselhos de Fiscalização, Assessoria em Assembleias Gerais, Auditoria Independente, entre outras”.

O Contabilista que presta serviços ao Terceiro Setor, além de controlar e registrar as atividades da administração e da economia da entidade, deve prestar contas:

- ao próprio órgão deliberativo;
- ao Ministério Público (fundações de direito privado e associações);
- aos órgãos governamentais (que as declararam de utilidade pública);
- ao INSS (se beneficiadas com a isenção da contribuição Patronal);
- ao CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social – (para concessão ou renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social);
- aos parceiros, convenentes e doadores;
- à sociedade em geral.

Monello aproveita para dar algumas dicas aos profissionais que pretendem seguir esse caminho. “Temos muito o que avançar neste mercado. A Contabilidade é uma ferramenta de sustentabilidade das empresas. É um campo de boa remuneração, mas também de grande fiscalização. Digo ainda que é muito salutar trabalhar em prol do desenvolvimento social”, conclui.
Fonte: CRC-SP

Postar um comentário

0 Comentários