Imposto faz empreendedor ter medo de crescer, diz Sebrae-SP


São Paulo – As pequenas empresas brasileiras representam hoje 99% dos negócios do país e respondem por dois terços dos empregos gerados. Apesar dos números, os empreendedores são responsáveis por 20% do Produto Interno Bruto, o PIB, e sofrem com alta carga tributária e burocracia.

A boa notícia é que a perspectiva é boa. “Observamos uma melhoria nas condições para se empreender desde o plano real, com a estabilização da moeda. A partir daí, ações relevantes foram tomadas, como o Simples Nacional e Estatuto da Micro e Pequena Empresa”, diz Bruno Caetano, diretor-superintendente do Sebrae-SP, em entrevista a EXAME.com.

Para ele, o Brasil ainda precisa tomar atitudes para permitir o desenvolvimento dos empreendedores. “É preciso ter uma atualização anual das faixas de faturamento do Simples Nacional. Quando não tem esta atualização, cria no empresário um medo de crescer”, explica. No Dia da Micro e Pequena Empresa, Caetano fala sobre como os desafios dos empreendedores e medidas urgentes para melhorar o ambiente de negócios do país.

EXAME.com – Como você avalia a evolução do empreendedorismo no Brasil?

Bruno Caetano - No que diz respeito ao preparo do empreendedor, é inegável ele tem feito suas tarefas de empreender com mais cuidado e planejamento. Até meados da década passada, a maior razão de abrir uma empresa era a necessidade. O caso típico era perder o emprego, levantar o fundo de garantia e abrir qualquer empresa para ter sustento. Hoje, para cada empreendedor por necessidade há outros dois por oportunidade. As taxas de sobrevivência têm melhorado no Brasil e no estado de São Paulo. A cada 100 empresas, 77 permanecem abertas e esse número já foi muito pior. Observamos uma melhoria nas condições para se empreender desde o plano real, com a estabilização da moeda. A partir daí, ações relevantes foram tomadas, como o Simples Nacional e Estatuto da Micro e Pequena Empresa.

EXAME.com – Houve uma mudança no perfil do empreendedor brasileiro?

Caetano - Temos observado um aumento da participação das mulheres no empreendedorismo. Se o estoque de empresas ainda é muito masculino, nas empresas abertas hoje no estado de São Paulo há um equilíbrio. Há também um aumento no número de jovens empresários e da escolaridade média do empreendedor. Mas ainda tem muita coisa para fazer.

EXAME.com – Qual é hoje o principal desafio das pequenas empresas?

Caetano - Do ponto de vista do empresário, o tema da inovação é um desafio. Ele não entende como uma obrigação cotidiana, mas como algo para empresas de grande porte ou de base tecnológica. Inovação pode e deve ser praticada por empresa de qualquer porte e ramo. É preciso desmitificar esse tema. O desafio mais estratégico é melhorar o encadeamento produtivo. Elas são 99% das empresas formais e respondem por dois terços dos empregos formais e pessoas ocupadas, mas representam só 20% do PIB. Esse número comparado a outros países é bastante inferior. Em lugares como Chile, Argentina, Estados Unidos e até Itália é no mínimo o dobro.

EXAME.com – Que tipo de mudança é esperada no médio prazo para melhorar o ambiente de negócios?

Caetano - O poder público tem muito que fazer. Estamos muito mal nos rankings da relação do empreendedor com o poder público, no tempo para abrir empresa, em carga tributária e burocracia. Uma mudança no critério do Simples Nacional seria bem vinda. Nós defendemos que o enquadramento seja apenas por faturamento e não por atividade. É preciso ter uma atualização anual das faixas de faturamento do Simples Nacional. Quando não tem esta atualização, cria no empresário um medo de crescer. Uma atualização anual que levasse em conta a variação do PIB e a inflação já seria justa e diminuiria a elisão fiscal, porque o empresário acaba abrindo empresas com outro CNPJ para que não estoure a faixa de faturamento do Simples.

EXAME.com – Quais setores apresentam um cenário mais positivo de crescimento?

Caetano - Tem oportunidades que estão batendo na porta de micro e pequenas empresas que estão atentas. Um fenômeno de longo prazo que percebemos é o crescimento acelerado do setor de serviços, que é de longe o que mais cresce. Em São Paulo, até 2020, espera-se que venha a ser o principal setor econômico em termos de micro e pequenas empresas. Todo o setor de beleza e estética, alimentação fora do lar e serviços ligados a construção civil ajudam a explicar esse crescimento de serviços.

Priscila Zuini
Fonte: exame.com
Associação Paulista de Estudos Tributários, 8/10/2012  09:42:23  

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