29/08 - O governo tende a prorrogar a desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, linha branca, móveis e painéis de madeira. O benefício fiscal para esses bens encerra no próximo dia 31.
No entanto, a equipe econômica ainda avalia quais os reais impactos sobre a atividade econômica a ponto de valer a pena abrir mão de mais R$ 2 bilhões pelos próximos meses, principalmente em uma conjuntura na qual a arrecadação está bem abaixo do previsto.
Tradicionalmente o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e seus auxiliares negam publicamente a continuidade desse tipo de desoneração. O argumento é que perde-se muito da efetividade da medida ao antecipar que o desconto continuará. "Por isso só pode ser divulgado na véspera", disse uma fonte.
A presidente Dilma Rousseff já deu carta branca para autorizar a extensão do benefício que pode dar impulso extra na economia até dezembro.
Diante da perspectiva de baixo crescimento neste ano - entre 1,5% e 2% nos cálculos dos técnicos do Ministério da Fazenda, conforme publicou o Brasil Econômico -, a equipe econômica quer fazer com que os três últimos meses de 2012 sejam aquecidos o suficiente para ingressar em 2013 em um ritmo bem mais forte do que apurado no primeiro trimestre deste ano.
O ministro chamou os setores beneficiados para reuniões nas quais serão feitos balanços sobre os impactos que as medidas tiveram nesse período. Sua equipe preparou uma avaliação geral sobre o nível de emprego, produção e vendas das mercadorias beneficiadas.
Mas Mantega quer ouvir dos próprios empresários a percepção não apenas dos efeitos com o desconto em vigor como do cenário futuro para cada um dos setores.
Além disso, o ministro vai cobrar o repasse integral do desconto - caso seja efetivado - aos consumidores. Em maio, quando ele anunciou a desoneração do IPI para os automóveis havia garantido que o benefício seria dado mas há informações de que houve retenção de uma parte.
Ontem o encontro foi com representantes do varejo, como a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) e Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).
Controvérsia
Hoje a conversa será com o setor automotivo. Nesse caso, a avaliação é mais extensa. Muito embora o caso da General Motors, que iria demitir ao fechar uma linha de produção em São José dos Campos (SP), tenha sido superado, os integrantes do Ministério da Fazenda têm opiniões distintas sobre o quão necessário seria a continuidade do benefício fiscal.
"A dúvida é: quantos desses carros que foram vendidos a mais em julho e agosto não seriam naturalmente vendidos em setembro?", disse um técnico que não vê como imprescindível a manutenção do desconto.
Por outro lado, há quem expresse que, como o preço mais acessível dos veículos estimula a compra, "pode ser que muita gente que não trocaria de carro, agora esteja trocando".
Fonte: Brasil Econômico
Escrito por: Simone Cavalcanti
0 Comentários