SHEILA D'AMORIM
DE BRASĂLIA
DE BRASĂLIA
A disputa por clientela e espaço no mercado bancĂĄrio estĂĄ fazendo com que inimigos histĂłricos se unam para tentar barrar a concorrĂȘncia, sobretudo o avanço dos grupos estrangeiros no paĂs.
ApĂłs a fusĂŁo de ItaĂș e Unibanco e sem mais nenhuma instituição de peso para comprar, o Banco do Brasil transformou o Bradesco no parceiro ideal para expansĂŁo.
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Os dois maiores bancos de varejo do paĂs, que sempre foram rivais pela liderança do mercado, se uniram em quatro frentes: cartĂŁo de crĂ©dito, compartilhamento de terminais eletrĂŽnicos, seguro odontolĂłgico e investimentos na Ăfrica do Sul.
Com isso, hoje, o tradicional arqui-inimigo tem mais afinidades empresariais com o BB do que com a Caixa EconĂŽmica Federal, que pertence ao mesmo controlador.
No que depender do BB, a união com o Bradesco pode ir além, intensificando atuaçÔes em financiamento de obras de infraestrutura, foco da demanda por crédito nos próximos anos.
"Tudo o que nĂŁo afetar a individualidade de cada um pode ser foco de parceria. Tudo Ă© vĂĄlido para reduzir custo, ganhar eficiĂȘncia, aumentar capilaridade e melhorar o serviço", resume Paulo Caffarelli, vice-presidente de negĂłcios e varejo do BB.
"Bradesco e BB continuarão com suas estratégias e competindo. Não hå nenhuma intenção de fusão dos dois bancos", emenda Marcelo Noronha, diretor da årea de cartÔes do Bradesco.
Ele justifica a aproximação em função da bem-sucedida experiĂȘncia dos dois bancos na VisaNet (atual Cielo).
Segundo ele, os dois bancos continuam sendo concorrentes. "A parceria não nos impede de brigar por venda de cartÔes, estabelecimentos comerciais, correntistas. Continuamos disputando pau a pau", afirma.
VERMELHO
Apesar de terem boa convivĂȘncia na antiga VisaNet, historicamente o BB via o Bradesco como o seu principal concorrente. O vermelho era cor proibida nas açÔes de marketing do BB, por representar o arqui-inimigo.
"Com a junção ItaĂș/Unibanco o sistema ficou descompensado", diz Caffarelli. A fase de fusĂ”es e aquisiçÔes chegou ao fim, mas ainda nĂŁo se consolidou a presença dos grupos estrangeiros.
Caffarelli afirma que, na ĂĄrea de cartĂ”es, por exemplo, BB e Bradesco ficaram pelo menos R$ 50 bilhĂ”es atrĂĄs de ItaĂș Unibanco em faturamento anual.
"Isso tem peso na negociação com fornecedores. Num ambiente competitivo, custo menor se traduz em preço melhor", afirma ele.
O cartão de crédito é a menina dos olhos do sistema bancårio pelo potencial de expansão. No Bradesco, a årea é responsåvel por 30% das receitas de serviço. "Estå em linha com a média do mercado", afirma Noronha.
As duas instituiçÔes devem lançar, em novembro, o primeiro cartão da nova bandeira, a Elo. Isso representarå economia de R$ 1 bilhão em royalties pago às bandeiras tradicionais (Visa e MasterCard), ao longo de cinco anos. Caixa e Santander também devem participar.
Os dois vĂŁo, ainda, dividir com o portuguĂȘs EspĂrito Santo os riscos de explorar um novo mercado, com foco nas empresas que atuam na Ăfrica. "Internacionalização Ă© uma questĂŁo de sobrevivĂȘncia", diz Caffarelli.
Fonte: folha.com
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